A Canção dos Dragões - Capítulo 3

Calais piscou parcialmente atordoado.

A sala de jantar estava cheia, com todos os nobres que ele conhecia e alguns até desconhecidos, de tonalidades mais claras, acompanhados pelas suas fadas que fielmente se mantinham atrás, ou nos ombros de seus mestres. Quando sua mãe lhe disse que haveria uma reunião formal com o outro reino o príncipe não imaginou que ela chamaria a corte inteira.

Como se fossem um único organismo, os nobres tanto do Reino do Sul quanto do Norte calaram-se voltaram a atenção para Calais, este franziu o cenho incomodado, ele odiava ter tanta atenção sobre si. Sua mãe, Delphinia, elegantemente sentada na maior cadeira no extremo da enorme mesa feita de mármore delicadamente talhado com todos os aspectos culturais dos Osadracs noturnos, o olhava em reprovação. O jovem não se importou nem um pouco e, com um grunhido relativamente audível, levantou a palma da mão em saudação.

A Rainha da Noite passou a mão delicada pelo rosto enquanto olhava seu sucessor caminhando até o assento ao seu lado, seu andar era refinado, a expressão séria misturada do que parecia ser raiva eterna entretanto fazia com que alguns dos convidados se encolhessem a medida que o Príncipe do Reino do Sul andava. 

- Não me envergonhe - Ela sussurrou para Calais, ele não a respondeu. A monarca ignorou o comportamento petulante e levantou, prosseguindo com um discurso entediante no qual o Príncipe não se importou de prestar atenção. Estava ocupado analisando os convidados, claro que seu tio Alkandros e seus "primos" estavam lá, os últimos em questão esboçavam pequenos sorrisos maliciosos em sua direção. Calais ignorou e voltou a analisar os convidados, na sua frente, paralelo a sua cadeira estava o Príncipe do Norte, fizeram contato visual por um breve momento até que o Osadrac de cores quentes desse uma piscadinha com o olho direito, o de plumagem estrelada não aguentou e revirou os olhos.

- Não acredito, sua mãe não convidou só o palhacinho e o palhação - Kabir, a fada, teve que se pronunciar diante da situação - Mas também o circo inteiro - Concluiu enojado enquanto cruzava as pernas no ombro do jovem osadrac, que soltou uma risada baixa e discreta. - Além disso olha como aquele nojento olha para a Rainha - Ele continuou a reclamação, Calais mexeu as orelhas confuso, até que notou Stavros, atual Rei do Norte, lançando olhares no mínimo questionáveis a Rainha do Sul, e qualquer um podia notar isso, e não era para menos, Delphinia esbanjava beleza em cada parte física de seu ser, assim como seu futuro sucessor. Alkandros especificamente estava incomodado com a pouco vergonha do outro macho para com sua irmã de criação, visto que sua cauda escamosa chicoteava incessantemente.

- E é com tremenda alegria que eu e meu mais novo aliado, proclamamos a mais nova, porém eterna, união dos Reinos Sul e Norte - E com o fim do discurso da monarca, todos os Osadracs emitiram sons reptilianos de animação com a garganta, aprovando a decisão dos monarcas, menos é claro, Calais, que se manteve quieto refletindo no que essa "união" significava.

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A música suave e litorânea ecoava pelo jardim festivo do Palácio, lanternas feitas de mosaicos coloridos flutuavam magicamente iluminando o local bem cuidado, dando um ar refinado, porém aconchegante. Os nobres Osadrac encontravam-se espalhados por mesas, perto das estátuas dos antigos reis do Sul ou relaxando em suas formas draconicas nas imensas piscinas de lava enquanto conversavam, imaginava Calais, sobre seus desejos fúteis.

O príncipe grunhiu, e observando o descontentamento de seu mestre, Kabir grunhiu junto, enquanto julgava os diversos convidados da ocasião. 

- Alerta de babaca - A criatura feérica proferiu em uma voz quase robótica enquanto farejava o ar com seu nariz protuberante para seu rosto verde e pequeno. Calais revirou os olhos logo que reconheceu o cheiro dos gêmeos, estava com a paciência negativa para lidar com os jogos dos dois nobres. Como se seus pensamentos atraíssem imediatamente a miséria, surgiram como ar Jano e Uriel. 

- Vossa majestade - Cantarolou Uriel, suas escamas douradas pareciam estar polidas, brilhando a luz do luar, as listras azuladas de interior vermelho estendiam-se por todo o seu corpo, serpenteando até se tornarem mais fracas na região dorsal esbranquiçada assim como as extremidades de seu corpo e seu rosto, no qual esbanjava uma cicatriz fina que atravessava a parte superior do nariz, ele mexeu as barbatanas igualmente listradas de forma suave. Estava tentando chamar a atenção do príncipe - Está muito bonito essa noite - Um barulho grave e reconfortante vibrou no peito do outro macho, que afagou o rosto no ombro de Calais, o cabelo de Uriel, que estava brilhando assim como o resto de seu corpo, começava levemente dourado como suas escamas, porém ia falhando a uma bela cor de bronze, ondulado e chegavam até os ombros do jovem. Suas vestes eram relativamente simples, uma túnica de algodão e branca, fazendo com que sua cor destacasse assim como as jóias de ouro.

Antes que o Príncipe da Noite pudesse responder, Jano, idêntico a Uriel com exceção da cicatriz e as roupas, empurrou agressivamente o rosto do irmão, que quase caiu para o lado como uma fruta podre e rapidamente enrolou a cauda dourada na perna de Calais, uma clara demonstração de possessão que fez o futuro monarca rosnar. O "gêmeo do mal" entretanto, não esboçou nenhuma reação imediata e apenas emitiu um ronrom diante da ameaça. 

- Você disse que hoje era a minha vez feto - Uriel vociferou irritado, as barbatanas vibravam agressivamente para seu gêmeo, que respondeu a altura rindo.

- Mas eu menti, passar bem - Calais revirou os olhos e, com uma força impressionante afastou ambos os Osadracs, caminhando mais a fundo no jardim sem nem ao menos olhar para trás, entrando no labirinto imenso afim de encontrar um pouco de paz, deixando com que os irmãos se matassem.

- Ora mas esses machos são ridículos mesmo - A fada em que anteriormente estava em seu ombro agora se encontrava emaranhada na imensidão de seu cabelo farto e prateado reclamou mais uma vez, e como adorava reclamar.

- Eles me tratam como um pedaço de carne e outro ainda quer me cobrar lealdade, deixei bem claro que nossa relação era apenas física - Desabafava Calais em um tom cansado - E o pior de tudo que eles concordaram! - Puxou os cabelos agora raivoso, fazendo Kabir emitir um pequeno guincho ao ter seu "ninho" perturbado.

- Cara você tem certeza que a gente tá indo pelo lugar certo? - Uma voz juvenil indagou por trás da parede de plantas em que eles estavam, fazendo Calais ter um sobressalto empinando as orelhas atento. 

- Claro que sim, por acaso não confia nos meus instintos de navegação agora? - Indagou a outra voz, que fez o príncipe revirar os olhos na alma, não queria ter que interagir com o outro príncipe neste momento, mas já era tarde demais, viu a coloração quente de Zetes aparecer no fim do corredor do labirinto - Olha só - Ele sorriu e se aproximou do outro amigavelmente - Parece que o destino está sempre planejando nos juntar - Ronronou, mas se incomodou levemente ao ver que aquilo não havia surtido efeito em Calais.

- Eu realmente espero que não - A ênfase na palavra "espero" foi bem clara e, novamente, o Príncipe do Sul continuou a sua caminhada para o centro do labirinto, sem dar chance de continuar a conversa. Porém Zetes era um Osadrac muito determinado e sem deixar seu humor agradável de lado, acompanhou o passo.

- Parece que estamos indo para o mesmo lugar - Calais não respondeu - Como sabe o caminho? - Sim, era uma pergunta estúpida, mas queria ouvir a voz sombria do estrelado novamente.

- É uma das poucas coisas interessantes para se fazer quando se fica preso aqui dentro por uma década - Surpreendentemente, ele respondeu, fazendo o Príncipe do Norte ronronar de alegria. Satisfeito, Zetes não abriu a boca até chegarem ao centro, onde uma fonte belíssima de mármore jorrava água, iluminada com a beleza da Lua cheia aquela noite.

Ele então observou Calais se sentar graciosamente sobre a borda da fonte, passando as garras pela água pensativo. Notou também que seu véu já não estava sobre seu rosto, e que belo rosto ele tinha, podia ficar observando o outro príncipe por semanas inteiras.

- Está me olhando feito um tarado novamente - Ouviu Calais resmungar, seu olhar era hostil. 

O de escamas passou a mão pela nuca envergonhado e sorriu - Me desculpe - E sem ser convidado se sentou no chão, de frente do outro, apoiando o cotovelo na borda da construção. A penugem peitoral do Osadrac noturno se arrepiou, era um aviso que se Zetes chegasse mais perto, iria levar uma mordida na cara. 

Diferente de seus mestres, as duas fadas Kabir e Haruki brincavam e rodopiavam no ar, trocando frases épicas enquanto jogavam pequenas gotas d'água um no outro. 

- Então... - O de cores quentes se pronunciou diante do silêncio, em mais uma tentativa de puxar assunto - Você ouviu uma coisa do discurso? Porque eu não - Soltou um risinho enquanto analisava a expressão do outro. Para a sua surpresa, um pequeno sorriso surgiu nos lábios bem desenhados de Calais.

Eles estavam chegando a algum lugar. 

P.s.: Hihi, q romântico genti -Fluffy 

P.s:. A Vibe toda romantica e a luta de Yu Gi Oh! ao fundo ocorrendo na maior naturalidade. - Loida