The Two Sides of the Coin- Cap.7

-Treze Colônias, Boston, Massachusetts, Porto de Boston.

3 dias depois do Início do Cerco de Boston.

Ainda não havia amanhecido e Ace fazia a patrulha montada com outros dois soldados pelos arredores do Porto, estava fazendo muito frio. A respiração pesada tinha vapor, o nariz estava vermelho e gélido, os dedos tinham as pontas arroxeadas e estavam sem sensibilidade, Ace tinha junto da farda uma outra camisa sobre sua principal e um lenço sobre o pescoço cobrindo a boca.

Vindo a galope em frente a patrulha, um mensageiro com um carta em mão. Ele parou e entregou para Ace sem falar nada, logo partindo para outra parte do Porto.

- O que é isso? - Ace parou Bucéfalo analisando o envelope, papel amarelado com a boca cerrada por cera vermelha derretida com a estampa de um escudo de armas.

O jovem rasgou a boca do envelope tirou o conteúdo para fora, desdobrando o papel ele começou a ler.

"Prezado Ace,

Tenho o imenso prazer de comunicar que tem em suas mãos o convite para a festa de noivado de minha filha, Aveline.
Será um baile de máscaras, então peço, assim como todos os outros convidados que venha trajado como o tema da festa.
A festividade ocorrerá na minha casa em YorkTown, no dia 26 de Abril às 19 horas.
Agradeço-lhe por sua atenção.

Joan Thompson."

O soldado dobrou o convite e colocou novamente no envelope, Joan Thompson era um parceiro comercial de Lucius, e tinha lembrado da existência de Ace de uma forma que o jovem não fazia ideia como.

- O Major Louis e o Doutor Peter também receberam esse mesmo convite. - Disse um dos soldados que estava fazendo a patrulha com Ace.

- Que ótimo, parece que não irei sozinho... - Ace disse sorrindo enquanto colocava o envelope dentro da casaca da farda.

- Acho que o Cabo Arthur também tinha um em mãos - O outro falou tentando controlar seu cavalo que se mexia agitado. Ao ouvir o nome de Arthur, Ace estremeceu de raiva.

- Ah... Sim - O jovem fechou o rosto e puxou as rédeas de Bucéfalo para a direção contrária - Logo retorno, continuem sem mim - Foram as ordens antes dele sair a trote.

Esse baile seria uma boa forma de distrair a cabeça da guerra e a tensão das ordens sobre ele. Ele passou para a parte do Porto que era reservada para o exército americano, era bem parecido ao acampamento em Massachusetts Bay, a diferença principal eram os oficiais que faziam guarda na entrada e saída.

Ace passou por eles, sentiu sua nuca queimar com os olhares quentes sobre si, que o deixou extremamente desconfortável. Parando Bucéfalo em frente ao toco de amarra, Ace desceu da sela e amarrou as rédeas do cavalo.

Em frente estava a tenda do Tenente-coronel, Ace ergueu a lona da entrada e entrou, lá dentro havia ao invés de Egberth sentado na cadeira estava General Washington com as mãos abaixo do queixo olhando para sim, agora Egberth que estava imóvel em pé a sua frente.

Ace parou na entrada e sentiu seu coração palpitar ao ver a figura do General tão severa, diferente do dia em que ele havia chegado com Egberth e George o dera um sorriso amigável.

Ele já estava dando meia volta pra fora da tenda, não era o momento adequado para pedir alguma coisa, quando a voz de Egberth soou no silêncio congelando a espinha de Ace

- Ace, o que quer? - Egberth disse com a voz rouca e cansada, Ace tornou o olhar para os dois superiores que agora o observavam.

- Vim pedir tua autorização para comparecer em um Baile de Máscaras em YorkTown, Senhor... - Ace requisitou, os braços postos nas costas segurando-se, Egberth abriu um sorriso tímido e Ace relaxou, era agoniante ver o Tenente-Coronel sem o costumeiro sorriso.

- Não és o primeiro que me pedes para liberar o expediente no dia do Baile. Louis e Arthur vieram agora a pouco para isso - Egberth olhou para Washington esperando alguma introdução do General, mas o mesmo assentiu confirmando o que o Tenente-Coronel havia acabado de dizer

- Então...? - Ace olhava esperançoso para o superior, que fechou os olhos soltou um longo suspiro

- Sim, tens minha autorização junto dos outros dois. - Ele disse sorrindo, Ace sentiu a alegria dentro de si mesmo, ele teria uma distração que não envolvesse tiros e canhões.

- Muito obrigado, Senhor - Ace deu continência e saiu da tenda, deixando Egberth e Washington conversando a sós.

Ele já estava um pouco distante da tenda quando ouviu seu nome sendo gritado, ele se virou rápido tentando achar quem o chamava, era o Tenente-Coronel.

- Dou esse dia inteiro para que encontres seu traje, por isso, está dispensado por hoje. - Egberth avisou e rápido voltou para dentro da tenda, Ace deveria sair naquele momento atrás de uma roupa e máscara para o baile, em sua mala não havia nenhuma roupa de luxo, muito menos uma digna de um Baile de Máscaras.

Ace foi com passos rápidos até Bucéfalo e montou no animal sem mesmo parar, logo batendo as rédeas e saindo a galope do acampamento a procura de uma alfaiataria dentro do porto.

Virando a esquina para o que parecia uma rua de comércio nobre, Ace diminuiu o passo de Bucéfalo e começou a olhar atento para os letreiros das lojas, "Padaria", "Marcenaria", "Ferreiro", "Peixaria". Mas nada de "Alfaiataria".

Ace já estava perdendo as esperanças quando viu no último estabelecimento a placa "Costureira e Alfaiate", Ace ficou aliciado novamente, estava passando o dia tenso, não fazia bem.

O jovem amarrou a rédea do cavalo no Toco de Amarra junto a um outro cavalo, Ace olhou para o animal e reconheceu na hora o Shire, Beauté o cavalo de Louis.

- Ah, que ótimo - Ace reclamou para si mesmo, bom, antes encontrar Louis novamente do que ir para a festa usando farrapos, o moreno entrou na Alfaiataria é um sino tocou avisando ao alfaiate e a costureira que ele estava ali, ele olhou para o interior que era escuro, piso de madeira, vários manequins com vestidos e casacas às metades, repletos de alfinetes e trapos de pano sobre o tecido original.

- Bom dia, Senhor! - Disse um senhor na frente de Ace, o homem havia aparecido de repente, o que fez Ace se assustar e dar um grito fino tombando pra trás, o senhor segurou a mão do moreno que se equilibrou, com o coração batendo rápido e a cabeça flutuando devido o susto -Desculpe-me, não era de minha intenção assusta-lhe, Senhor - O senhor que Ave supôs ser o alfaiate, vestia uma casaca completamente preta com uma almofada de alfinetes no ombro e uma fita métrica na cintura, tinha por volta dos 60 anos com olhos azuis claros atrás de um óculos bem pequeno de aros redondos, cabelos brancos penteados perfeitamente para trás e barba feita.

- Ah, sim senhor, vim a procura de um traje de pronta-entrega para o dia 26 desse mês - Ace abaixou o colete dentro da farda voltando a postura composta, o senhor sorriu para Ace.

- Por aqui meu jovem, a propósito, me chamo Edward. - O senhor foi em direção aos manequins e Ace o seguiu, Edward parou em frente a um que parecia o tamanho exato de Ace mas não agradava o jovem, haviam muitos botões e detalhes em fio de ouro.

- Não me agrada senhor, gostaria de algo mais simples mas requintado - Ace deu suas exigências ao senhor que ouvia atentamente, logo, levando Ace para um outro manequim, o jovem no momento gostou do estilo da roupa, era azul escuro com detalhes em fio de ouro menores que a da roupa passada e botões mais bem colocados, calças brancas de algodão que pareciam extremamente confortáveis, ela havia agradado a vontade de Ace.

- É perfeito, exatamente como eu queria - Ace disse sorrindo para o Senhor que abriu um sorriso maior ainda - Poderias me dar o valor da peça? - O soldado pediu e Edward o levou até a bancada, aonde tirou um papel com pena e começou a fazer os cálculos.

- Sairá por esse valor, Senhor - Edward entregou o papel com o valor para Ace que sorriu ao ver que era um preço acessível e baixo para uma roupa tão bela - O que me diz?

- Irei ficar com ela, quero me entregue no dia 25 completamente limpa e reparada, por favor - Ace pediu a Edward que aceitou o que o jovem requisitou.

- Senhor Edward, preciso que diminua a bainha dessa batina, está passando do meu tornozelo... - Alguém com a voz grossa disse de dentro da cortina do provador, que se abriu, Ace se virou para a pessoa, era Louis, vestindo uma enorme batina preta costumeira da Igreja Católica.

- Olá Louis, o que faz vestindo essa camisola? - Ace brincou ao ver o colega, que fechou a cara ao ver a presença dele.

- Nossa, tens um profundo senso de humor não é? - Louis disse sarcástico com uma risada forçada, ele saiu do provador e foi até Edward - Preciso que suba um pouco mais, Oui? - Louis mostrou a bainha da saia da batina para Edward que confirmou com a cabeça - Também foi convidado para o noivado de Aveline Thompson? - O francês levantou o olhar para Ace, que o fitava sem expressão.

- Sim, fui convidado, poderia me dizer, o motivo que fora chamado, Louis? - Ace perguntou colocando uma mão na cintura, Louis sorriu e ergueu o tronco.

- Irei abençoar o noivado junto de outra irmã - Louis disse orgulhoso, Ace sorriu amarelo, ver o colega com aquela camisola preta o deixava mãos estranho do que já era.

- Então, dia 25 retornarei para buscar minha roupa, está bem? - Ace bateu a mão sobre a bancada de leve

- Sim, muito bem entendido, ela estará em perfeito estado - Edward assegurou sobre seu trabalho, Ace sorriu satisfeito - O senhor possui alguma máscara para acompanhar o traje? -Aproveitando que tinha a atenção do alfaiate Ace perguntou

- Claro, tenho uma bem aqui embaixo que ficará perfeita com a cor da casaca - Edward se abaixou elogio subiu colocando uma máscara que cobria a região completa da testa as bochechas, branca com detalhes pintados em azul e penas enormes azul ciano, a faixa que prendia na cabeça era de cetim preto.

- É sem dúvida, belíssima - Ace pegou a máscara em mãos sorrindo, iria ficar um bom traje para a festa.

- Como o senhor está levando um traje de boa qualidade, reconsiderarei o valor da máscara e ela sairá de graça - Edward deu a proposta para Ace que olhou pra o senhor mais feliz ainda.

- Está bem, muito obrigado senhor, coloque-a dentro do saco da casaca, tenha um bom dia - Ace se despediu indo pra fora da Alfaiataria, deixando Edward ajustar a batina de Louis.