Lillium e a Virada da Ampulheta - Capítulo 2: A Reunião


Lillium e a Virada da Ampulheta – A Reunião


Sentada em seu respectivo assento, Scorpio observava com deleite seus colegas discutindo. Já havia se passado um tempo considerável levando em conta que a ampulheta de delicados adornos dourados e de areia ciano, situada flutuando acima dos presentes em uma energia azul mar, estava em sua metade. Por trás de seu elmo medonho, ela passava os olhos por cada um dos doze deuses. Repousando sua atenção na discussão calorosa concentrada mais ao meio da gigantesca mesa.

- Não sejam ignaros, é óbvio que a única solução seria a busca pelo novo profeta – Proferia Virgo, que apesar de aparentemente calma, o de armadura notou que estava a um fio de descarrilhar.

- O que caralhos é ignaros?- Dessa vez ouviu Ikki sussurrar para Leo, em confusão e com seus cabelos arrepiados, assemelhando-se a um porco espinho.

O Catus imenso abriu a boca para responder, tornou-se óbvio que ele não sabia, observada a expressão parva tomada em seu rosto. Scorpio revirou os olhos, claro que ele não sabia, mas o importante era que estava seguindo de acordo com o plano.

- Significa inculto, admito que lhes caiu bem no momento – Aquarius apressou-se para dizer, sempre com aquele tom gélido e sua pose superior.

- Aah... – O Mensageiro do Dia tinha uma expressão neutra, como se não se importasse, Virgo franziu o cenho realizando sua famosa expressão desgostosa.

- E por que seria essa a melhor opção? Vocês estão agindo como os senhores da razão mas nem nos deram uma explicação – A arrogância era um tom notável na voz do quinto deus, que estava com seus braços robustos cruzados, dando a impressão de que era ainda maior.

- É algo que eu também quero saber – Taurus proferiu, bufando irritada. Scorpio jurou ouvir ela raspar um dos cascos no chão, como uma vaca arisca.

- Está escrito nas profecias de Physis que o escolhido pelo Sol sempre irá aparecer quando o mundo beirar ao caos, e é verdade mesmo, o profeta sempre resolve os problemas no mundo mortal e divino – Câncer, para a surpresa de todos, elevou a sua voz delicada enquanto gesticulava as pequenas mãos com entusiasmo. Ao notar todos os olhares em si, a deusa se encolheu novamente em seu assento, o rosto de traços gentis mergulhados em um profundo azul envergonhada.

- Câncer tem razão – A voz de Libra ecoou cortando o silêncio constrangedor, calma e elegante – E como citado anteriormente, é óbvio que foi o Tempo que adormeceu nosso rei. Ele tinha vários motivos para fazê-lo: A atenção da Lua, o poder de soberano, e pouco antes de seu julgamento o Sol adormece e a Magia desaparece? Se estes não são sinais óbvios, não sei quais são – Ouve murmúrios pela sala, a tensão pairando pelo ar novamente.

- Ai pelo amor, a gente vai mesmo ouvir uma semi careca? – Aki grasnou, provocando risadas de seu irmão e de Leo, Câncer que estava sentada perto dos três homens lhes lançou um olhar de desaprovação mortal, que calou Ikki, os outros dois, entretanto, nem ao menos se importaram.

Em meio ao desconcerto de Libra, que estava com o rosto ainda mais rosa deformado em confusão, Piscis deu mais um tragada em seu cachimbo liberando mais de sua fumaça colorida, Sagitário, que estava ao seu lado, se engasgou exageradamente.

- Desculpe... – Sussurrou para o colega, o druída deu um pequeno aceno com a mão – Eu sei que a situação parece estar apontada contra o Tempo mas... Eu não acho que ele faria isso – Voltou-se aos seus companheiros, sua voz de um tom macio e seus cabelos dourados ondulando-se no ar impecavelmente – Ele é na verdade muito gentil – Afirmou com convicção. Aquarius a olhava com um ar curioso. Esse não era o seu irmão, ele nunca fora gentil, pelo menos não verdadeiramente.

- Meus ceifeiros buscam a cada dia mais almas mortais, a cada ano o número aumenta –  Scorpio manifestou-se de dentro de sua armadura – Isso não é normal, a noite vem mais cedo e no inverno não há luz. Nós sabemos as criaturas que a noite esconde, e elas estraçalham os mortais assim como a fome e o frio. – Dedilhou a mesa com as garras prateadas de seu traje – Já fazem séculos que o Sol está adormecido, se isso continuar todos vão morrer e o mundo terá de ser reiniciado, não haverá mais mortais para acreditar em nós – Ergueu o olhar para a ampulheta – E sabe-se lá o que vai acontecer depois dessa merda toda, principalmente com aquele traste no comando – A Avci declamou com angústia e desgosto, Virgo e Aquarius concordaram solenemente, Sagitário olhava atentamente a antiga pupila, seus olhos sem pupilas brilharam em aprovação. A essa altura, Ikki tinha certeza de que a dama que ele visitara séculos antes era a mesma envolta por aquela armadura cortante.

- Além disso, os berçários estão se tornando cada vez mais vazios, claramente há um desiquilíbrio – Completou a Paudha, olhando para sua amiga de longa data. Morte e Vida, tão diferentes e ainda sim tão parecidos.

Um ronco audível ressoou pelo local, quebrando o clima de seriedade. Capricornius estava com a cabeça apoiada na mesa, baba começando a se formar pelo canto de sua boca. Sagitário, que incrivelmente havia se mantido calado até agora, riu com avidez sendo acompanhado por alguns dos outros deuses. Scorpio sacodiu violentamente o ombro do Capri, que acordou vesgo e desnorteado.

- Que, onde? – Ele olhou ao redor, franzindo o focinho aos que riam dele e endireitando-se em sua cadeira soberbo, como se nada houvesse acontecido – Todos sabem que meus princípios vão contra os do... Tempo, então me chamar para essa reunião é claramente uma perda... – Antes que ele pudesse completar sua frase, Sagitário o interrompeu.

- Uma perda de Tempo? – Riu de sua própria piada, que, contagiante, novamente fez alguns dos deuses o acompanharem. Com o focinho franzido em desgosto, o representante da décima constelação assentiu.

Subitamente, Áries urrou em pura raiva diante da situação, e erguendo um punho ao ar socou a mesa com fúria, rachando-a ao meio, do começo ao fim. Seu corpo envolto em chamas ofegava pesadamente.

Como se compartilhassem do mesmo pequeno intelecto, seus irmãos por elemento, Leo e Sagitário, também se ocuparam de agredir alguma coisa. O caos na sala retornou. Piscis e Câncer se escondendo em baixo da mesa, os gêmeos antes rindo foram pegos pelos pescoços como galinhas prontas para o abate, Aquarius acabou sendo mordido no meio da confusão, e perdendo a paciência acabou por congelar Áries. Até mesmo Virgo rugia, como se voltasse a sua forma primal enquanto Scorpio, sem sair das sombras, tentava controlar a amiga. A confusão acabou quando Taurus, segurando a pobre Libra pelos cabelos, deu um mugido glorioso e pulou com todo o seu peso em cima do amontoado raivoso de machos brigando.

Quando a ordem foi retornada, Aquarius soltou um lampejo de luz da ponta de seus dedos, chamando a atenção dos demais.

- Então? – Ele dirigiu o olhar aos companheiros, a formação cristalina que se assemelhava a um aquário na parte superior de seu rosto estava escura e turbulenta.

Leo fez questão de falar primeiro – Minha lealdade é ao Tempo, ele vai saber o que fazer – Taurus não demorou em concordar com o Catus, Piscis suspirou, e dando a última tragada em seu cachimbo, demorou alguns segundos para assentir.

- Pois bem – O tom de Aquarius se tornará mais gélido, dirigindo sua atenção especificamente a aqueles que mal haviam mostrado a opinião durante a reunião.

- Não quero ver mais meus discípulos sofrerem Iriha – Sagitário disse em um tom tristonho, Aquarius franziu o cenho ao ter seu primeiro nome proferido, não eram tão próximos assim. - Mas temo que a ira do Tempo caia sobre eles – Sem pensar duas vezes, o homem gélido moveu sua atenção aos gêmeos.

Ambos deram de ombros, se Iriha tivesse olhos, teria os revirado. Sabia bem do feitio daqueles dois, não era surpresa que estivessem do lado de seu irmão.

- Eu... – Novamente a voz de Cancer ecoou na sala, Leo automaticamente olhou para a pequena mulher franzindo as sobrancelhas. Com um suspiro, ela juntou as mãos e calou-se. Piscis negou com a cabeça lentamente e Libra sutilmente crispou o cenho.

Novamente a atenção do convocador mudou, sua cabeça repousa na direção de Áries. O pequeno deus da Guerra tentava se livrar do gelo preso nos cascos batendo-os violentamente contra o chão.

Aquarius pigarreou, chamando a atenção da entidade raivosa.

- Até parece que eu iria ficar do lado daquele escroto caral... – Virgo novamente tampa sua boca com uma das mãos, interrompendo a seção de profanações que o pequeno iria declamar.

E, novamente os treze deuses se separaram. Estava mais do que claro quem apoiava quem.

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Os passos de Scorpio tilintavam contra o mármore claro dos corredores, sua capa de fundo vermelho ondeando-se em uma dança escarlate. As paredes coloridas de um tom de creme eram delicadamente ornamentadas com detalhes belíssimos de ouro, as cortinas azuis claro abertas para que a luz fraca adentrasse. Dando mais vivacidade ao local as mariposas brilhantes de todos os tamanhos voavam pelo Templo Lunar, que flutuava na imensidão do espaço negro, afastado dos demais templos.

A Morte parou em frente a imensa porta que se estendia 20 metros do chão, observando o símbolo de sua mãe. Uma lua cheia no meio, a crescente a sua esquerda e a direita a minguante. A Triluna, como é chamada a marca da Lua, feita da mais pura pedra de opala brilhava em uma forte tonalidade de azul envolta pelo manto claro característico do mineral, com pequenos salpicados de rosa e o que parecia ser lavanda. Tirando delicadamente o elmo, Scorpio suspirou, piscando os quatro olhos enquanto se olhava no reflexo de sua armadura polida.

Ergueu o punho e com elegância deu três batidas na porta pesada, que se abriu naquele instante. Ela mexeu suas orelhas pontudas, fitando a figura graciosa da Lua banhada por uma luz plácida e delicada enquanto tocava sua harpa gigantesca em uma melodia angelical, que acompanhava os 13 metros da divindade.

Apressou o passo, ainda se mantendo requintado, passou pela passarela levemente acima da água que preenchia todo o recinto. O líquido jorrava das quatro cachoeiras situadas em quatro cantos do quarto imenso, que era decorado com corais de cores pastel e recheado de vida, belos peixes brincavam nas águas cristalinas e aparentemente rasas.

Scorpio ajoelhou-se respeitosamente a frente do palanque decorado sofisticadamente de sua mãe, com as mãos apoiadas em suas coxas e o elmo posto ao seu lado com uma delicadeza que não parecia pertencer a ela.

Os belos olhos violetas da Lua voltaram-se para sua filha, e encheram-se de carinho e amor maternal.

- Minha criança, qual a razão da sua visita? – Logo pousou a delicada mão prateada sobre os lábios desenhados perfeitamente – Não que seja um incomodo, é apenas incomum – Completou, levando a ponta dos dedos pelos cabelos ébano e ridiculamente lisos de sua prole. Houve um suspiro da parte da menor, ela olhou diretamente para a deusa.

- Mãe, sabe o que está acontecendo e mesmo assim... Com todo esse seu carinho pelos mortais a senhora não faz nada – Os olhos redondos de sua genitora, antes cheios de amor, estavam agora carregados de tristeza.

- Oh... – Foi a único barulho que saiu, as antenas felpudas localizadas no topo de sua cabeça estavam murchas.

- Conte para mim, sabe que eu irei sempre ajuda-la – Ela insistiu, suas pupilas vermelhas brilhando mais vividamente, correspondendo às emoções intensas da representante da oitava constelação.

A Lua pousou novamente a mão sobre a boca, desta vez de uma forma agoniante, seus olhos arregalados. Scorpio franziu as sobrancelhas, que diabos estava acontecendo?

- Minha criança... Eu realmente não posso fazer nada quanto a isso – Virando o rosto em vergonha para a sua harpa, a Lua suspirou.

- Assim seja – A Avci levantou botando o elmo com rispidez. É claro que aquele canalha havia garantido que sua mãe não se intrometesse nos planos dele – Até breve, mãe – Diferentemente de quando entrara no quarto, seus passos agora eram pesados e carregados de raiva, mantendo-se assim até a saída do templo, onde Aquarius o esperava.

- Eu a disse – Scorpio não o respondeu – Vamos, temos muito trabalho a fazer – E com isso, os dois deuses passaram pelo portal mágico.


P.S - O capítulo saiu meio pequeno, mas a verdadeira ação vai começar no outro. Então pls, aguardem >:) - FluffyFox 

P.S -  Esse capítulo é uma coquinha no deserto galera, genial -  Loida

PLUS: Vamos fazer uma postagem só com desenhos das aparências dos personagens, o que acham?

Comentários

  1. Te entendo Ikki, eu tive que pesquisar oq era ignaros aushushs
    Olha o bully com o careca >->
    BARRACOOOO! CHAMA A MÃE!
    Protect our Lua ❤
    Hmmm profeta né? -u-
    Eu quero desenhos >:3
    Aguardando por mais!

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    1. LLKKKKKKKKKKKK me senti super letrada escrevendo ignaros
      Abaixo ao careca krl, como dizia o sábio, nunca confie no 🗿
      PROTECC FROM THE BIGGUS NARIGUS
      <_<
      >_>
      Sei de nd n
      KSKSKS pode deixar, eu tenho vários >:}

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  2. "Não seja ignaros.."
    Eu: O que é ignaros?
    "Significa inculto.."
    Eu: Ah.. O que é inculto? :3

    Eu claramente não tenho muita confiança no Tempo, mesmo tendo visto apenas uma cena. No começo ele parecia gentil mas depois machucou a Lua, ou seja, é uma confiança bem pequena >n>

    Acho que esse pessoal não resisti quando tem oportunidade de bater nada cara do outro akska

    Quatro olhos? O Escorpião é aquele drácula que vocês falam?
    E ssiimmismissmsism eu quero desenhossoaososoaosoa aksk

    ~~Ao aguardo!

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    1. LKKKKKKKKKKKKKK inculto é ignorante, que não sabe das coisas
      >_>
      <_<
      Observo apenas
      Si, é ele mesmo LKKKKKKKKKKk
      Pode deixar :)

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