A Canção dos Dragões - Capítulo 1: O Encontro
A carranca impassível logo voltou a suas feições, e ele se sentou no divã plenamente decorado, observando todos os detalhes da varanda de seu quarto. Era um lugar esplêndido, flores exuberantes cobrindo todo o recinto, o chão de mármore creme perfeitamente polida e as paredes cobertas dos mosaicos mais mais bem feitos de toda Lillium. Grunhiu, não passava de uma prisão bonita, ele estava cansado daquilo.
O osadrac se ajeitou no divã, olhando para a cidade abaixo de si, as charmosas casinhas brancas que se estendiam até se perder de vista, os Templos do Sol eram de tirar o fôlego, erguidos em areia e mármore e com detalhes em ouro e mais ao longe, podia-se ver a água do mar, uma água de tom azul paradisíaco. Ele não ia a praia há anos, desde aquilo, não pode sair do palácio e sua mãe fazia questão disso.
Um ronco audível preencheu o local, Calais empinou suas orelhas pontudas e penosas na direção e soltou um pequeno riso. Era apenas Eros, seu cachorro, de pelo branco e longo o canino era imenso e seus dentes inferiores estendiam-se para fora da boca. Apesar da aparência, Eros não machucaria uma mosca, o osadrac havia o encontrado nos escombros de uma casa humana, provavelmente a única coisa boa que ele conseguiu tirar da tragédia que causou.
Com uma delicadeza que parecia não possuir, passou as garras delicadamente contra a cabeça do animal, que aceitou o carinho de bom grado, porém durante o processo sentiu um relevo pequeno e molenga, franzindo o cenho ele separou os pelos macios de Eros para checar se não estava com algum parasita. Mas era apenas Kabir emaranhado nos pelos do cachorro, como se tivesse feito um ninho.
- Minha nossa mas que ridículo - Debochou pegando sua fada apertando levemente, que fez a pequena criatura soltar um guincho raivoso.
- Mas é muita ousadia mesmo, faz isso de novo e eu te quebro - Avisou a fada apontando o dedo indicador ao príncipe, que apenas ergue as sobrancelhas em descaso.
- Claro, cheio de doença vai que você me passa uma dengue - Respondeu o osadrac em um tom de escárnio. Kabir abriu a boca como um pequeno lagarto furioso e mordeu a mão de Calais, que emitiu um rosnado e o jogou contra o divã acolchoado.
- Caralho! - Xingou raivoso arrepiando as penas de um profundo tom de azul escuro, pintadas de pequenos pontos prateados brilhantes, fazendo parecer que ele havia sido banhado pela noite. A fada apenas levantou como uma pulga ajeitando suas vestes rindo, ele logo riu também e a paz voltou a varanda.
Kabir pousou em seu ombro e passou a observar o seu mestre. Calais era belíssimo, suas feições e seu corpo eram proporcionais e seus olhos eram de uma cor azul cintilante, de finas pupilas esbranquiçadas, os cabelos longos e ondulados que se estendiam até sua cintura brilhavam em uma cor azul prateada. O mais impressionante, entretanto, era sua plumagem. As extremidades eram claras dando um contraste a cor escura das penas que eram revestidas de pontos claros, assemelhando-se a um céu noturno. O povo da cidade até dizia que a própria Noite, deusa subordinada da Lua, havia abençoado ao príncipe a beleza de seu domínio.
- O que está olhando aí mosquito? - Indagou olhando para fada erguendo uma sobrancelha, Kabir resmungou como uma velha.
- Sua cara ora - Cruzou os braços verdes como a criança birrenta - Além disso estou com fome, me alimente -
- Coma então, tem uma bandeija de frutas ali - Calais revirou os olhos e se levantou, indo para a borda da varanda, se apoiando no parapeito decorado. Novamente a fada pôs-se a reclamar como uma idosa, e batendo as asas incessantemente como uma mosca, voou até a bandeija e comeu as frutas com uma voracidade muito grande para alguém de seu tamanho, mesmo depois de tanto tempo juntos o príncipe se impressionava com a selvageria se sua companhia.
- Agora me diz o que está pensando em fazer - Terminada a sua refeição, a pequena criatura insectoide pulou no ombro do osadrac, que esboçou um pequeno sorriso.
- Nada demais, só dar uma escapulida - Respondeu mexendo as orelhas tranquilamente.
- Se sua mãe descobre ela fica desse tamanho oh - A fada levanta os braços e incha como um sapo, Calais resmunga diante da atuação ridícula.
- Ela não vai descobrir, além disso estou cansado de ficar preso aqui, já sei de cor quantos mosaicos tem nesse quarto e quais as cores deles -
- Se você diz né - Respondeu Kabir olhando para o lado contrário, o príncipe suspirou e virou o pequeno para o lado certo. As vezes se esquecia que sua companhia era cega.
- Vamos assim que anoitecer - E então, como se nada houvesse acontecido, Calais volta a olhar para a cidade.
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Um osadrac e sua fada subiam o terreno íngreme e rochoso das montanhas sem nenhuma dificuldade, ele estava acostumado a fazer aquele trajeto depois de tantas viajens.
- Você tem certeza que quer passar pelo Reino do Sul cara? - Perguntou Haruki, uma fada macho de pele avermelhada e de longos cabelos negros e desgrenhados, seus olhos insectoides eram levente puxados, dando um certo charme a face.
- Não vai dar em nada, ninguém vai me achar se eu for pela floresta a essa hora - Respondeu o maior em um tom totalmente despreocupado, sua fada piscou, será que havia esquecido que a maioria dos Osadrac do Sul eram noturnos?
- Sei não, se alguém pegar a gente... - O pequeno continuou, geralmente era descontraído como seu mestre, mas aquilo parecia arriscado demais até para ele.
- Parece até uma vovó falando assim - Brincou e riu da expressão estranha que a companhia havia feito, Haruki logo riu também e se esqueceu do assunto.
- Aí Zetes, você sabe que quando chegar seu pai vai te mostrar mais mil e uma pretendentes certo? - O príncipe do Norte mexeu as orelhas e franziu a testa aborrecido, não suportava esses assuntos de seu pai, ele mesmo não era casado, então por que o incomodar com isso? Ele queria ser livre até bem entender, e um matrimônio só daria limites a sua liberdade.
- É, eu sei, o velho anda pirado das ideias esses tempos - Resmungou, passando a mão pelo rosto sardento.
Zetes possuía a pele em um tom de azul claro e várias pintinhas brancas que se espalhavam pelo seu rosto. As extremidades de seu corpo e os chifres eram pintados em um degradê do amarelo ao vermelho, os cabelos negros cortados curtos e tão cacheados quanto os de Gael, o Deus do Amor. Era como um céu diurno. E para completar, pintado em sua testa um pequeno símbolo amarelo representando o Sol.
- Talvez ele queira netos logo - Haruki continuou a conversa enquanto ria, mal percebendo que já estavam adentrando a floresta do Reino do Sul. A vegetação não era extremamente difícil de adentrar, feita de arbustos e árvores medianas davam uma boa vista do que havia a frente, apesar de já ser noite.
- Que os deuses me livrem de tal maldição - Zetes respondeu acompanhando as risadas do amigo. Entretando, a diversão durou pouco, o osadrac subitamente parou e começou a farejar o ar, a fada já sabia o que aquilo significava, tinha alguém por perto. A companhia do príncipe fechou bem a boca, fazendo uma careta como se houvesse experimentado algo amargo e cessou as batidas de suas asas.
Antes que pudesse piscar, viu que o maior estava indo em direção ao cheiro do provável inimigo, Haruki arregalou os olhos olhando-o incrédulo.
- Ficou maluco?! - Exclamou a fada com clamor, mexendo os braços como um primata, Zetes o pegou do ombro, tampando a boca do pequeno que estava muito tentado a morde-lo no momento.
- Shh! - E com apenas isso, o osadrac voltou a caminhar pela vegetação, a luz do luar adentrando de forma quase poética entre as folhas das árvores.
Chegando cada vez mais perto, o príncipe do Norte abriu uma passagem entre dois arbustos e admirou o imenso lago cristalino, o corpo d'água refletia perfeitamente a Lua, uma visão extraordinária. Enquanto passeava os olhos pela paisagem, fixou o olhar em uma figura encantadora, a mais bela criatura que ele já havia visto.
Encostado em uma pedra, estava banhado até os ombros, seus cabelos prateados flutuavam docilmente pela água calma do lago, o rosto bem proporcionado parecia uma estátua moldada com o exato objetivo de ser a mais formosa, bem apessoada, venusta e tantos outros sinônimos de beleza que ele podia pensar agora.
- Fecha a boca se não entra mosca - Cantarolou Haruki que havia se livrado do aperto mortal ao redor de sua boca. Zetes piscou e olhou ele irritadiço, a fada apenas deu um sorriso maroto, sabia muito bem que o osadrac estava encantado pelo outro.
- Eu vou até lá - Afirmou o príncipe com convicção, a essa altura o pequeno Haruki nem se inconformava mais, o amigo estava tão hipnotizado pela beleza do muso do lago que nem sequer lhe daria ouvidos.
O problema seriam as consequências.
Continua
P.S.: Que comecem os jogos -Fluffy
P.S:. Guerra de espadas glr - Loida
IZIII O DOGGUINHO
ResponderExcluirMiséria sai daí Kabir oxi
Kjkkkkkkk dengue
Ta boiola cara?
Gente cês tem que arrumar focinheira pras fada
Apazonou :3
Cuidado Calais, tem um tarado te olhando tomar banho hein-
Au au
ExcluirEh vdd vai q ele passa doença pro cachorro LKKKKKKKKKKKKK
Ah c ctz, qm n ficaria pelo nosso bonitão aq, né Shadan?
Petição pra fazer uma focinheira adaptada 🙌🙌🙌
Calais: Tô acostumado
E D U A R D O
ExcluirKabirola eh o motiivo do carro fumacê todo ano
FOCINHEIRA agora
Novamente fiquei impressionada com as descrições <3
ResponderExcluirVish, o Kabir nos pelos do Eros, e melhor checar pra ver se o cachorro não pegou pulga akska
Eu juro que quando começou a cena com Haruki e Zetes imaginei tipo um espelho no meio do planeta divindindo o mundo deles com do Calais e do Kabir '-'
Eu só digo uma coisa: IIIHHHH!
~~AGUARDO!
Hihi obrigada (^・ω・^ )
ExcluirPulga e outros mil e um parasitas conhecidos e desconhecidos né? KKKKKKKKKKK
👌😔 Pfto, eu tmb, e ent vagarosamente ia se tornando o mesmo como o alinhamento planetário
🤭