Lillium e a Virada da Ampulheta - Capítulo 9 - A Viagem



O visual fora da casa das garotas era caótico, os cinzas caiam em conjunto aos flocos de neve como se viessem da mesma nuvem. Os corpos de Axel e Oxana estavam trêmulos pela adrenalina que corria incessante pelas veias e um zumbido incessante ressoava dentro de seus crânios, elas aceitaram sair da casa com a moça desconhecida, mesmo que a mãe das meninas achasse arriscado.

- Não tem o que se preocupar, por enquanto. - Nehir avisou saindo pela porta indo contra a luz do Sol, deixando sua figura apenas uma silhueta negra aos olhos dos quatro moradores da casa. Axel não sabia se era apenas um sensação estranha devido a tensão que corria pelo seu corpo, mas a energia que aquela mulher transmitia não era tão humana quanto de seus familiares, até mesmo Gavriiel, entretanto já havia conversado com sua irmã sobre esse "Sexto Sentido" que ela tinha ao se aproximar das pessoas mas Oxana acreditava em Axel, mas não conseguia sentir a mesma coisa.

- Aonde está indo exatamente? – Desna tinha sempre um tom brando e suave em sua voz, a feiticeira a olhou sobre o ombro, Gavriiel emitiu um som seco e agressivo como se rugisse, fazendo a até então desconhecida mulher segurar o riso com a visão do sapo.

- Não muito longe, é o suficiente que precisa saber senhora. – Respondeu Nehir a Desna tomando novamente suas composturas, as meninas a olhavam boquiabertas e impressionadas, o que deixou Nehir desconfortável e ainda rendeu dois leves tapas na nuca das meninas desferidos pela mãe. Era falta de educação encarar assim, ambas responderam apenas com um guincho, que assustou o pobre sapo fazendo-o gritar.

- Acho que isso é um sequestro, olha que suspeito. – Olhando para os lados em desconfiança e sussurrando ao ouvido da irmã, Oxana não conteve seus pensamentos apenas a cabeça. Algo comum vindo dela, já havia se metido em muitas confusões por isso e na maioria delas, arrastando Axel e Gavriiel consigo. Axel apertou a expressão repreendendo o comentário da de cabelos negros, se Nehir havia escutado não demonstrou interesse em se explicar.

Era evidente que apesar do conforto em seguir a agora suspeita feiticeira, a mãe das meninas ainda mantinha um pé atrás sobre tudo isso, mas sabia que contrariar essa gente podia ser tão penoso quanto atender aos seus desejos. Seu pai uma vez teve uma péssima experiência com um mágico de cabelos brancos que o transformou num galo por um mês após não ter sido pago por seus serviços.

Nehir adentrava na floresta fechada que ficava atrás do vilarejo, os olhos das meninas ainda se mantinham presos em sua cidade que agora não passava de um amontoado de cinzas com cheiro de fumaça e lembranças que se foram. A medida que adentravam na floresta, tudo ficava mais escuro, e o coração dos quatro acelerava a cada passo, o que aquela feiticeira tinha em mente para ir em lugar tão escuro e fechado? Com certeza ia matar as meninas para algum ritual ao submundo. Novamente, Axel sentiu uma sensação estranha correr pelo seu corpo, era como se uma energia conflitante a da feiticeira estivesse próxima, totalmente inversa, então, cutucando o ombro da irmã delicadamente para chamar sua atenção.

- Você está sentindo isso? Diga que sim, está começando a me incomodar... – Sussurrou Axel aos ouvidos de Oxana, que torceu a boca em confusão, olhou para Nehir e viu que a mulher havia parado diante a uma clareira iluminada em meio a floresta, como se tivesse sido feita para a ocasião.

"Claro um sacrifício coletivo a luz do Sol" Desna pensou puxando as meninas para si olhando envolta em atenção, todo seu arrependimento de ter vindo até ali e dado o mínimo de confiança a feiticeira formigava em sua mente. Antes de poder dar qualquer passo ou abrir a boca, Nehir se virou e caminhou até elas.

- Eu sei o que estão pensando, mas fizeram o certo em vir comigo. – Disse a feiticeira erguendo as sobrancelhas em gancho – Espero que tenham mente forte e que não façam escândalo a partir de agora. – Completou a mulher se abaixando aos olhos de Axel como se enxergasse sua alma, a menina se arrepiou, a aura que a incomodava tanto vindo daquela mulher era ainda mais forte agora dando a sensação de estar sendo sugada, sua atenção entretanto se quebrou com um farfalhar de folhas.

- O que foi isso? – Perguntou a pequena de cabelos castanhos aflita esganiçando a voz a cada palavra, Nehir se levantou sem resposta. Axel abriu novamente a boca para perguntar, mas suas palavras foram engolidas pelo medo, da direção do som das folhas, observava paralisada o que obviamente era uma Pauddha, o grito sufocado da garota atraiu a atenção de seus familiares que olharam na mesma direção, Desna puxou as filhas para as costas colocando-se diante da criatura. Era Virgem que estava ali, se aproximando devagar com sua comum expressão desgostosa no rosto até parar em frente a Axel.

- Era isso então? Você nos atraiu aqui para nos dar de comida para uma dessas carniceiras da floresta? – Desna cuspiu para Nehir, bom, o que antes era a feiticeira na verdade, havia tomado a forma de uma fêmea de Avci de pele roxeada, a ficha de Desna caiu aos poucos, só tinha uma história de duas criaturas daquelas que andavam juntas. A Vida e a Morte.

- Ela é uma gracinha mesmo, nunca vi uma criança humana que não fosse de minha criação com uma aparência tão... Apetitosa. – Virgem abriu um sorriso fino pegando o rosto de Axel com as garras, uma gota de suor desceu da testa da menina.

- Pare com isso, está assustando ela. - A Morte avisou cruzando os braços, a Vida soltou o rosto da menor, Desna olhava para ambas as Deusas estupefata, o que figuras tão importantes faziam ali diante dela e suas meninas?

Logo mais, vindo de trás de seus campos de visão, Áries e Aquário apareceram, os quatro pareciam estar fazendo de tudo, ou o possível, para não assustarem os mortais diante deles, estavam em suas formas divinas agora, mas mantinham as estaturas mundanas. Oxana abriu a boca como um lagarto ao ver Aquário, que olhou com desdém.

- Esse é o tio poste que a gente viu mais cedo, o Homem Azul! – Ela finalizou a sua fala com um tom misterioso, mexendo as mãos de um lado para o outro, Axel soltou um leve riso. Agora, parecia que seu "Sexto Sentido" queimava-a por dentro, mas de uma forma aparentemente agradável, todos eles emanavam a mesma energia cósmica e divina.

- O que se deve a visita dos Deuses a nossa família? – Desna estava mais calma agora, não totalmente já que a presença das Divindades não significava sempre coisas boas. Ela se ajoelhou, puxando as meninas consigo em forma de respeito aos quatro, eles se olharam e logo para Axel em conjunto, como assombrações que te vigiam durante a noite ao pé da cama. Isso fez a espinha da garota gelar, nenhum deles era evidentemente humano, e a maioria de espécies conhecidas por serem cruéis e perigosas aos humanos.

- É a sua filha, ela é o nosso objetivo. – O Homem das Luzes apontou para Axel friamente, Oxana e Gavriiel olharam para ela preocupados, a menina engoliu em seco chegando mais perto de seus familiares. Escorpião respirou fundo juntando as mãos calmamente, pelo visto seria uma conversa bem longa.

- Ela é a chave para a salvação do nosso mundo, precisamos que ela venha conosco para ser treinada devidamente. – Disse a Morte olhando para Desna, a mulher franziu o cenho incrédula ao ouvir as palavras da Deusa, sua filha sempre foi completamente normal, se não fossem pequenas explosões de calor que a garota emitia em momentos aleatórios sem controle. Mas isso não significava nada.... Pensava ela.

- Ela não é nada disso do que estão falando, devem ter se enganado!

- Como ousa questionar a nossa autoridade e conhecimento?! – Áries esbravejou flamejante para a mulher, que se encolheu ainda mais com suas meninas, Aquário num golpe certeiro de mão na testa da Guerra o acalmou, não precisavam de brigas naquele momento.

- Eu não vou a lugar nenhum sem minha família! – Axel se pronunciou, Escorpião olhou para Oxana pensativa, os outros três Deuses fizeram o mesmo e logo, se entreolharam.

- Você não está pensando em levar a outra também, esta? – Perguntou o Homem das Luzes com um leve tom de desprezo ao dizer outra, Escorpião assentiu, ela sabia que para seus companheiros era diferente a forma como viam os humanos e como eles se comportavam entre si, sempre foram divindades afinal.

- Ela pode vir conosco, mas deve aprender alguma coisa de útil para não ser um peso morto aos nossos cuidados. – A Morte avisou sem dar sinal de mais explicações, Axel olhou para a irmã erguendo as sobrancelhas, Oxana parecia tão confusa quanto ela agora.

- E acredite, nós vamos cuidar delas muito bem. - Virgem se pronunciou piscando lentamente, ela agora parecia mais interessada em carne do que em cuidar devidamente das meninas, Escorpião já experiente com os comportamentos selvagens da espécie da amiga, numa forma de conter seus comportamentos primais, devia coloca-la em sua forma mais fraca, e presa dentro de um pote.

- Agora você para de assustar as meninas com esse seu papo de Bicho-Papão verde. – Escorpião lacrou o pote, dentro estava Virgem que foi teletransportada magicamente até lá, menor que uma fada, verde com um rosto diabólico e um chumaço de grama no lugar dos cabelos.

- Então, se nos dá licença, senhora mãe da Profeta, não temos tempo para ficar adulando relações humanas agora. – Com um passo a frente, Áries sem pensar duas vezes agarrou Axel e Oxana, que segurava o assustado Gavriiel com um dos braços, pelos pulsos tirando-as do abraço da mãe com uma força descomunal, as meninas gritaram com medo tentando se soltar.

- MÃE! – Axel gritou desafinada, porém, antes de Desna fazer qualquer movimento para buscar suas filhas de volta para si, uma nuvem de fogo dourado envolveu os Deuses, e num piscar de olhos desapareceram como se nunca tivessem estado lá.

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Murat dormia tranquilamente em sua poltrona, Hasret enrolada em sua cabeça como um chapéu. Merlin também cochilava sobre a mesa, todos haviam passado as ultimas noites em claro buscando soluções para retardar o gelo que consumia tudo a partir do Norte, mas até agora nada eficaz o suficiente. Um lampejo arco-íris se manifestou no centro da sala, Hasret levantou as orelhas e acordou ao ver a luz, abriu sua pequena boca e emitiu um som de alarme de emergência.

- ALERTA! ALERTA! – Gritava incessante a familiar do Mágico, ambos Merlin e Murat acordaram subitamente, mas era Gael que estava no meio da sala, sorrindo envergonhado.

- Me desculpem, não quis fazer tanto alvoroço. – Ele pediu sinceramente e com muita delicadeza, Murat riu se levantando, ao menos o garoto não puxou o pai em temperamento, já bastava um – Mas tenho algo muito importante para falar com vocês.

- O que seria isso então? – Perguntou Merlin ainda grogue de sono alisando a longa barba branca como se acaricia um cachorro, alguns suspeitavam que ela tivesse vida própria em alguns momentos. Gael respirou fundo, seus olhos brilhavam num laranja latejante demonstrando sua ansiedade. Murat ao ver isso já se preparou para o pior, tinha que ser algo sério para deixar o garoto daquela forma.

- Eu fui até onde meu pai chama de quarto, diria mais um covil, e já tinha tempo que eu tenho visto ele agindo estranho perto de uma coisa coberta por um pano enorme. – Gael explicava rapidamente – Tive coragem, e puxei o pano sem que ele visse...

- E o que o você viu? Uma estátua dele pelado? Seria a pior visão que eu poderia imaginar. – Murat resmungou demonstrando seu ódio pelo Tempo, Gael soltou uma risada seca e tensa passando a mão na nuca.

- Era a vovó, sua mestra, a Magia. – Gael olhou para o Mágico e Merlin, Murat engasgou consigo mesmo, havia sido ensinado pela Magia em pessoa sobre como usar os poderes mágicos, e tinha ela como uma figura maternal devido seu alto cuidado. Ele abriu a boca para falar, mas ainda estava digerindo informação do que tinha acabado de escutar. – Não era exatamente ela, era como se estivesse coberta de alguma coisa, como um espelho humano.

- Isso é um avanço e tanto, incrível Gael! – Murat vibrou alegremente deixando Gael encabulado, agora que acharam a Magia precisavam tirar ela de lá e acorda-la, ela conseguiria conter o próprio filho facilmente,

- E você conseguiu falar alguma coisa? – Merlin questionou flutuando envolta do Deus do Amor, que negou tristemente.

- Eu estava com tanta pressa por ter sido visto pelo Hosia que mau pude tentar alguma coisa. – Os olhos Laranja de Gael piscaram entre o vermelho logo indo para o Azul soturno, Murat resmungou ao ouvir o nome do irmão do gêmeo do Deus do Amor, ele era mais traiçoeiro que uma cobra e se ele estava começando a se envolver tudo ficaria ainda pior. – E mais uma coisa... Eu também suspeito de onde estão os outros primordiais, especialmente o Céu.

Ambos Murat e Merlin se entreolharam, Gael sentou-se no braço de uma poltrona em seu tamanho comum olhando o chão pensativo. O Céu, Physis e Vunos, não se tinha alguma ideia de onde eles poderiam estar, mas o Tempo estava fazendo de tudo para que eles ficassem fracos o suficiente para não intervirem em seus planos.

- Mas... Eu já vi meu pai caminhando até o Mar e ficar o observando por horas a fio, ele nunca fez isso antes, talvez seja alguma coisa importante que não consegui assimilar ainda. – Gael completou sua analogia com o dedo sobres lábios, Murat num lampejo olhou para Merlin novamente enquanto ambos andavam em círculos envolta de Gael como formigas saindo do formigueiro.

- O Céu no estado que ele deve estar não teria muito poder dentro da água realmente. – Murat levantou um dedo mexendo o pé em ansiedade, Merlin levantou as sobrancelhas e chacoalhou o amigo pelos ombros como um liquidificador quebrado.

- Isso também nos leva que o Vunos possa estar em algum lugar longe da Terra, como preso nas nuvens! - Gritou o velho Mago vendo que suas alegações faziam total sentido, eram simples, mas eficazes ao que estavam lidando, e não custava nada confirmar isso.

P.S:. BIG BRAIN TIME os dois glrr - Loida

P.S.: Oh yes its all coming together -Fluffy 



Comentários

  1. Que mané sequestro Oxana, recomponha-se
    Murat cê não pode transformar os outros em galinha não viu
    Gruti tu não trisque >->
    KJKKKKKK SE FERROU REPOLHO
    Tadinha da Desna mano-
    Assim eu podia viver sem pensar na possibilidade da imagem do Tempo pelado-
    CHACOALHAAAA

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    1. KKKKKKKKKK ela só pensa no pior
      Pufou só faz merda viado
      Gruti degustador a de Criança
      KKKKKKKKKKKK visão infernal mlk

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    2. BLEHEHH n creio q ela descobriu q era o pufou

      Só transformando ela em briófita pra gruti sossegar o cuzao verde dela 🤛🤛🤛

      Agr q vc falou eu tmb podia viver sem isso na minha vida 👁️👁️

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  2. "Nehir avisou saindo pela porta indo contra a luz do Sol, deixando sua figura apenas uma silhueta negra aos olhos dos quatro moradores da casa."
    Fluf devia desenhar essa cena :3

    ~le eu concentrada lendo todos os parágrafos do início do capítulo.

    Nossa, imagina tu estar de boa e encontra uma coisa branca e peluda andando akskk

    "- Eu fui até onde meu pai chama de quarto, diria mais um covil, e já tinha tempo.."
    Claro que já tinha Tempo, lá é o quarto dele >:v

    Gael é mais espião que o 007, só precisa ser mais sorrateiro... Tipo o Snake usando uma caixa akskak

    To muito curiosa pra ver como tudo será resolvido <3

    ~AO AGUARDO.

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    1. 👁️👁️ vou ver

      Loida deve tá acostumada, chocka né?

      Gael: E-eh...

      LKKKKKKKKKKKKK só ele n ser confrontado diretamente q tá sussa, tadinho ele n saber mentir e se enrola toda <:'}

      🖤👄🖤

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    2. 👁️👁️ OH
      BLEHEHH CHOCKA
      poor gael, Best boi forever Stam ✊🥺
      🗿 Sim

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