A Canção dos Dragões - Capítulo 2

Zetes caminhou com toda a convicção de estar sendo discreto entre as árvores, Haruki estava tentando acreditar nisso também, mantinha uma carranca rígida e fechada deixando impossivel ver seus olhos. Calais ainda dentro da água ainda não havia se tocado da real presença dos dois visitantes, suspirou afundando ainda mais até o queixo calmamente, sua fada boiava sobre uma folha ao lado. Um estalo de galho sendo partido logo chamou a antenção de ambos, principalmente de Kabir que era extremamente sensitivo devido sua cegueira.

- Você ouviu isso, mosquito? - Sussurou o Osadrac noturno nadando até a Fada com as orelhas em pé demonstrando estar em alerta, não era por medo, afinal não existia nada em Lillium que fosse ameaçador o suficiente para um Dragão além dos próprios Deuses, mas estar nu em uma imagem tão vulnerável aos olhares nojentos de qualquer criatura deixava Calais nauseado.

- Eu ouvi e senti também. 

Mesmo com toda a comoção aparente, Zetes não se incomodou e quando viu, estava fora da floresta totalmente visível para Calais e sua companhia feerica, ambos o olhavam confusos com as sobrancelhas franzidas, o Príncipe da Noite grunhiu mostrando os dentes se afastando ainda dentro da água.

- Olá! É ótimo ter logo de cara uma companhia tão bela, se me permite. – O tom brincalhão de Zetes era constante, tinha as mãos na cintura e sorria demonstrando toda a sua comum simpatia, Calais soltou um leve rosnado para o de cabelos curtos enquanto saia da água. Os olhos amendoados de Zetes ao ver a cena se abriram como duas laranjas maduras.

Se Calais havia notado o olhar descarado do colega de espécie, não demonstrou interesse em falar alguma coisa. Indo até o divã com longos passos elegantes, ele pegou suas roupas sacodindo o restante de água ainda presente em suas penas azuladas, Zetes chegou mais perto ainda observando, as pequenas gotas brilhavam sobre a penugem do Príncipe da Noite deixando-o ainda mais similar ao céu noturno, repleto de diamantes voláteis. Mas, saiu do transe quando Haruki, velozmente saiu de dentro dos cachos do rapaz e desferiu um tapa muito forte pra sua pequena estatura, fazendo um estalo e deixando a pequena marca de sua mão.

- AI! Ficou doido? – Reclamou Zetes para a sua companhia enquanto massageava a bochecha atingida, Haruki emitiu um zumbido irritado enquanto pulava sobre a cabeça do Osadrac como se tentasse amassa-lo ao chão.

- Vai continuar me olhando como um tarado e não vai se apresentar? – Cuspiu Calais fitando o de cabelos curtos duramente, um pequeno vapor saiu de seu nariz demonstrando seu descontentamento. Zetes levantou as mãos sorrindo alegremente, disfarçando que havia acabado de ser agredido por sua fada, era um mestre em resolver as coisas na base de sua simpatia e personalidade cativante, ao menos era o que ele pensava nesse caso.

- Peço mil perdões, minha fada me tirou do transe que é assistir você, mas podemos conversar agora, o que acha? – Proferiu com o tom galanteador, Calais não demonstrou muito interesse em trocar diálogo, mas se aproximou, Zetes farejou delicadamente o ar envolta do de cabelos longos. Vendo isso, Calais fez o mesmo.

- PRIMO! PRIMO! VENHA VER ISSO PRIMO! – Berrou Kabir saindo de seu ninho feito nos cabelos de Calais, Haruki o ouviu e ambos voaram em conjunto ficando um do lado do outro, o bater das asas finas zumbia de forma agoniante.

- CADÊ?! CADÊ?! – Haruki gritou tentando estabilizar sua posição no vôo. Não era nada que fosse visto de primeira mão, mas logo se tocaram, ambos eram as companhias dos Príncipes de reinos opostos, e os dois Osadrac estavam ali, naquele momento se conhecendo. – NÃO! NÃO PODE SER!

O cheiro de Zetes era pesado e ácido tomando todo o senso olfativo do Príncipe da Noite, também era levemente doce, para Calais era como se tivesse uma laranja abaixo de seu nariz. O Osadrac noturno tinha para o de cabelos curtos, um aroma fresco, similar ao da brisa molhada que preenchia as montanhas no Solstício de Inverno, passaram mais tempo que pretendiam se reconhecendo, até se tocarem.

- Venha Mosquito. – As palavras saíram da boca de Calais mais rápido do que sua mão pegando Kabir no ar e saindo andando apressadamente, era óbvio agora quem era o palhaço sorridente, e se sua mãe os vissem conversando, ou até mesmo soubesse que Calais havia saído de seu quarto, ele teria sérios problemas.

Zetes permaneceu imóvel vendo Calais se afastar, os longos cabelos se moviam ondulatórios, soltou um longo suspiro e olhou para Haruki, que continuava voando imóvel. A Fada riu abrindo a boca enormemente mostrando os pequenos dentes pontiagudos, o que fez o azulado rir em confusão.

- Do que você ‘tá rindo agora, cara? – Perguntou cruzando os braços sobre o peito, Haruki secou a lágrima de seus olhos puxados e pousou levemente ao ombro rígido do Osadrac. Era evidente que seu amigo havia criado uma paixonite no Príncipe do Sul, ele se apaixonava mais rápido do que enjoava das pessoas. E a fada sentiu que Calais não era o tipo que se engraçava em namoradores espertalhões como Zetes.

- Só vendo a sua cara de idiota enquanto ele vai embora... -  A fada disse  sorrindo de canto enquanto tirava os lisos cabelos para trás de suas orelhas. – Você gamou nele não foi? Eu te conheço muito bem.

Zetes estalou a língua desviando o olhar, não conseguia esconder seus sentimentos tão facilmente de uma criatura que era ligada a ele espiritualmente, e ele tinha razão, o azulado deu um leve peteleco na testa da fada soltando uma risada suave.

-  Pare de apontar dedos para mim, sabe que eu me apaixono mas não me envolvo com ninguém, te disse isso agora pouco.

 - Certo, certo, agora vamos adiantando o passo garanhão. Você já assustou o Príncipe com seu papinho sem explicar quem era devidamente, não quer deixar o seu pai e a mãe dele irritados não é? – Puxando os cachos da franja de Zetes, Haruki o conduzia como um animal de montaria, que saiu andando pesadamente com o típico sorriso estampado no rosto.

A medida que andavam, a grama verde ia diminuindo até se torna rara, e finalmente apenas pedra. O vento assobiava sobre o som das passadas de Zetes até a porta do Palácio, Haruki pulava em seu ombro demonstrando sua energia do momento, haviam sido avisados sobre esse dia a tempo e estavam ansiosos para saber exatamente o que o pai de Zetes, tinha planejado com o Reino do Sul.

 

- Você viu que abusado? – Kabir rosnava aos pulos sobre as almofadas que estavam perfeitamente alinhadas sobre a cama de Calais, o Osadrac riu com a cena e se olhou no espelho passando as mãos no delicado rosto.

- É o típico conquistador, vive de galanteios e nunca para quieto. – O comentário era venenoso e cheio de deboche, o Osadrac de pele noturna sentou-se em frente a penteadeira bufando uma lufada de calor, não estava no melhor humor e animação para ter que lidar com assuntos políticos agora, só queria ficar dentro do quarto longe de qualquer perturbação eminente.

- Já está quase na hora de descermos, melhore esse humor. – Num vôo rápido, Kabir alcançou a cabeça da Calais que o pegou espremendo-o, a fada emitiu um guincho abrindo a boca relativamente grande para seu tamanho diminuto. O Príncipe o colocou sobre o móvel ajeitando os cabelos desgrenhados de Kabir como uma boneca, e que boneca feia.

- Ter que ouvir minha mãe e aquele velho lagarto falando sobre o que é eu devo fazer, ou melhor, o que eu e aquele fugitivo do circo devemos fazer só me deixa ainda mais desgostoso. – Dando um peteleco final na Fada, Calais fez um bico com os lábios emitindo um som faríngeo similar a um gorjeio, levantando-se e pegando sobre a cama o fino véu transparente estrelado, colocou sobre a cabeça e estendeu a mão para que Kabir pudesse subir nele. Abriu a porta e fechando-a com o pé sem dar as costas saindo para o corredor. O som da conversa vindo da sala de jantar no andar de baixo era evidente devido o Rei e sua personalidade um tanto audível.

- Mas que macho barulhento, parece até um plebeu. – A soberba eminente na voz da fada esverdeada, Calais fez com o dedo para que ele ficasse quieto com seus comentários peçonhentos, já haviam se metido em problemas com a língua solta da Fada. O Osadrac desceu as escadas vagarosamente, demonstrando seu interesse nulo, esculturas e mais esculturas de familiares e do Deus Sol preenchiam o Hall escuro pela noite aos pés da escada.

Ele parou diante a porta que dividia o salão da sala de jantar, era enorme e pesada, caso um humano normal fosse empurrar, mas não era grande coisa para um Osadrac. Respirando fundo olhando para o teto pedindo a si mesmo toda a paciência do mundo, Calais chicoteou a cauda ansioso. Kabir em seu ombro zumbia ainda mais alto.

Assim que abrisse aquela porta, sua vida mudaria drasticamente.

P.S:. PALIASO FOI TOTALMENTE INDIFERENCIADO, passar bem ✊😔 - Fluffy

P.S:. KKKKKKKKKKK Bbk do krl fugiu do circo. - Loida